07 de agosto de 2011 • 09h34
- Regina Rito
Lázaro Ramos com Taís Araújo e seu filho, João
Foto: Anderson Borde/AgNews
O Dia - Acha o André prepotente e machista?
Lázaro Ramos - A proposta da novela sempre foi que o André fosse sincero ao extremo. Parece peixe: morre pela boca. Mas reconheço que ele é um personagem complexo e que, para alguns, pode parecer prepotente e machista. Tem valores muito pessoais: não engana nenhuma mulher fazendo promessas, mas, ao mesmo tempo, é metido a besta e defendido. Sua autoestima é ótima. É fruto de uma família desestruturada com pai ausente, o que fez dele uma pessoa inábil com o afeto. E foi se transformando ao longo da novela. André é vilão? É mocinho? Anti-herói? Acho que ele não tem comparativo e está mais para um novo modelo de personagem que os autores criaram, pois eu mesmo, a cada semana, mudo minha opinião sobre ele. Ele tem um coração insensato (risos).
Na reta final, André vai ao médico por conta de nódulos nos testículos e acabará impotente. Acha que é uma punição?
Boa pergunta. Não sei onde isso vai dar, mas se for punição, seria pelo quê? André nunca roubou, nunca matou, nunca prejudicou ninguém com intrigas, nunca mentiu para se dar bem e fazer sofrer os outros de propósito. Puni-lo pelo quê? Só se for por ele ser franco. Pois para alguém pode ser uma ofensa ele ser como é e ocupar o lugar que ocupa. Vai saber...
Acha que todo homem tem obrigação de fazer exames periódicos? Você se cuida?
Obrigação não é bem a palavra. Acho que para o bem de todos é importante a prevenção sempre. Meu primeiro trabalho era na área de saúde e o que mais escutei em sala de aula e no hospital é que a saúde das pessoas estaria muito melhor se investíssemos mais em prevenção. A minha alimentação poderia ser mais saudável, mas sempre me consulto e faço exames periódicos sim.
Fãs da novela torcem para que a Carol fique com o Raul? E você?
Pelo fato de o Raul ser um cara mais experiente e que sempre foi carinhoso com a Carol, uma parte quer que eles sejam felizes juntos. Em compensação, outra parte queria que André descobrisse o valor da relação familiar. Eles formam um casal como vários que conhecemos, que se adaptam à nova vida e um ao outro. Isso sem falar na torcida que acha que ele combina mais com a Leila. Acho que os autores Gilberto Braga e Ricardo Linhares querem contar com esse personagem a história de um homem que busca a felicidade na manutenção da sua individualidade. Durante a novela, fiquei a serviço da história que eles queriam contar. Agora, no final, não teria por que ser diferente. Ficarei satisfeito com o que vier. Carol, Leila, sozinho ou mesmo com todas (risos).
Apesar de mulherengo, dá pra notar que André é bom pai. E você, como tem se saído na função?
Nisso o André tem sido uma referência. Acho muito tocante a relação que foi contada na novela entre ele e o Brigadeirinho.
O que mudou na sua vida com o nascimento do João Vicente?
Com certeza o desejo de ser um pai presente . É um privilégio ajudar um outro ser a se desenvolver. Como sou embaixador do Unicef, aproveitei o momento e fui estudar um pouco sobre paternidade responsável e soube que nos primeiros 3 anos de vida o bebê desenvolve todo seu potencial. Então, os primeiros anos de vida de uma criança são cruciais para o seu desenvolvimento físico e psíquico. Por isso, o bebê precisa, além de ser amamentado exclusivamente no peito nos primeiros 6 meses de vida, de muito carinho, amor e ser bem estimulado. Além disso, saber que tantos pais não registram seus filhos é chocante. No Brasil, hoje, quase 3% das crianças menores de 1 ano estão sem registro de nascimento. Pode parecer pouco, mas este número representa milhares de crianças.
João é mais parecido com você ou com a Taís?
Acho que ele se parece com ele mesmo (risos).
Acha que os pais têm que dar limites aos filhos?
Limite também é amor. Acho que esse é um grande desafio como pais: estimular o filho a expandir os seus limites e, ao mesmo tempo, passar valores que o faça respeitar os direitos dos outros. Mas tem uma frase do Saramago que acho muito sábia: "Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos. Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente"".
Você faz entrevistas para o "Espelho", do Canal Brasil. Se considera melhor ator do que entrevistador?
Quando estou entrevistando nunca tenho a pretensão de ser um apresentador, sempre me coloco na posição de um curioso sobre meu entrevistado. O ¿Espelho¿ é como um filho para mim. Às segundas-feiras, às 21h30, é onde tenho a certeza de que a minha voz está sendo escutada. Lá está a minha criação, meu humor e, principalmente, parceiros que ao longo desses cinco anos me ajudam a criar um pensamento sobre o Brasil do qual muito me orgulho. Melhor ator ou entrevistador realmente não saberia te responder, pois como ator tenho sempre que me reinventar, o desafio é maior. Descobrir como contar a história de Foguinho, no minuto anterior estar contando a vida de Madame Satã e no segundo seguinte viver o André. Muitos mundos e muitas adaptações.
Quem gostaria de entrevistar no "Espelho"?
"Se fosse possível, o escritor José Saramago e o geógrafo Milton Santos. O desejo é grande e o "Espelho" é aberto. Marília Pêra, José Junior, Lenine, tantos que é até injusto citar".
Vai tirar férias depois da novela, viajar?
Férias, cuidar do Espelho 2012" e ficar com saudade dos queridos companheiros de "Insensato".
Quais seu próximos projetos no cinema e no teatro?
Tenho um filme ainda inédito chamado Amanhã Nunca Mais, dirigido pelo Tadeu Jungle, que estreia no segundo semestre. No elenco tem Fernanda Machado, Luis Miranda, Maria Luisa Mendonça, Milhem Cortaz, Paula Braun, uma turma muito bacana. No teatro, estou em busca de texto, pois a saudade do palco é grande.
Você é um dos atores mais premiados da sua geração. Se considera vitorioso?
Prêmio é sempre estímulo para continuar e um afago no ego. Sou muito feliz por todos, mas o que me faz sentir vitorioso é a família que estou formando, ver minha irmã concluindo a faculdade e tantas pessoas queridas construindo sua vida. Para mim vitória só é vitória se os que estão a meu lado estão vencendo também.
Qual seu maior sonho como ator?
Continuar na profissão tendo a oportunidade de viver personagens diferentes. Me dá muito prazer a cada trabalho me exercitar num estilo diferente. André, Evilásio, Priscila, Masseto, Foguinho, Satã, João de Camargo...
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