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A ciência já provou: uma vida sexual feliz traz benefícios para a saúde, a pele, o cabelo, a cabeça e o humor. Ainda bem que as mulheres estão cada vez mais empenhadas em melhorar a qualidade do que acontece no quarto delas. Em vez de engolir as insatisfações, elas agora vão à luta para tirar dúvidas, livrar-se de angústias e buscar soluções práticas. Tanto que leem mais sobre sexo e, se acharem que precisam, não hesitam em procurar um especialista. Para levantar e analisar as queixas das brasileiras na intimidade, consultamos experts de três importantes centros de estudo e atendimento: o Ambulatório de Sexologia do Centro Integral da Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Projeto Afrodite, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o Instituto Ceorvi - Centro de Educação e Orientação em Relações de Vida, em Porto Alegre.

Dificuldade para atingir o orgasmo

Um terço das brasileiras nunca chegou lá. As causas podem ser emocionais, culturais, até físicas, como deficiência hormonal e diabetes. Mas uma das razões mais comuns é o desconhecimento do próprio corpo. "O prazer sexual não é instintivo, tem de ser aprendido", diz Nilva Ferreira de Andrade, responsável pelo Ambulatório de Sexologia da Unicamp. Boa parte das mulheres só alcança o clímax com estimulação clitoridiana, não vaginal - daí a dificuldade de muitas em conseguir só com penetração. Apenas quem conhece o que funciona para si, e com quais carícias, pode mostrar ao parceiro o que fazer na cama. Outra hipótese para a queixa é uma nada rara dificuldade para reconhecer o orgasmo. "Há uma apologia, o que cria ilusões", afirma Nilva."É uma resposta involuntária do corpo, com contrações musculares que duram até dez segundos."

Preliminares muito rápidas

O descompasso é clássico. Eles almejam a penetração desde o primeiro beijo e elas querem carinhos caprichados e prolongados. Para entender as razões desse desencontro, é preciso considerar que o maior medo masculino na hora H é perder a ereção - a disfunção erétil é o que mais leva os homens a procurar ajuda. Assim, eles encaram como um risco preliminares demoradas. Já as mulheres veem essa etapa da transa como um aquecimento prazeroso e necessário. "Pesquisas mostram que elas demoram até 15 minutos a mais do que o parceiro para se sentirem prontas para a penetração", explica a psicóloga Lucia Pesca, coordenadora do Instituto Ceorvi. A melhor maneira de contornar essas diferenças, segundo os especialistas, é tornar a fase inicial das transas mais interessante também para eles. "Nesse sentido, fazer sexo oral, por exemplo, é uma boa medida", afirma Nilva, da Unicamp.

Falta de criatividade

A expectativa é de que ele tire da cartola novas posições e carícias, outros locais, situações diferentes, mais e mais ideias excitantes. Mas as mulheres reclamam que o script na cama é sempre igual. Ocorre que, em geral, os homens acham que está tudo bem até ouvirem o contrário. Mas, se a respectiva parceira se arrisca a dizer algo, eles nem sempre veem a reivindicação por novidade como algo positivo. "Quando, na busca por mais prazer, a mulher pede ‘atualizações’ na transa, muitos ainda entendem isso como um sinal de que não são suficientemente bons de cama ou não sabem mais satisfazê-la", analisa Lucia, do Instituto Ceorvi. Para evitar mal-entendidos, a dica é prestar atenção no tom dos pedidos - que não podem parecer reclamação, crítica ou julgamento ao desempenho dele. Uma saída é cavar novidades sem pedir nada diretamente. "Insinuar e sugerir são os melhores meios", opina a expert. Principalmente se o parceiro tem perfil conservador. Vale contar um sonho erótico, uma fantasia ou mostrar e ver com ele imagens ousadas. É um caminho um pouco mais longo, mas dá certo.

Ele só pensa em transar


Frequentemente, mulheres em relacionamentos longos reclamam que o marido só se aproxima e dá um beijo ou faz carinho quando quer sexo. Nesse caso, os especialistas sugerem que se faça uma autoavaliação. "Normalmente, depois de ter filhos, a mulher deixa de cuidar da vida sexual do casal, que vai perdendo a intimidade", afirma Nilva, da Unicamp. Com o afastamento, os parceiros podem perder seus referenciais e começar a interpretar de forma equivocada os atos do outro. "Às vezes, o homem só quer atenção, um carinho mesmo, e é logo renegado, porque seu gesto é lido como um convite para o sexo", pondera Nilva. O importante é a mulher ter cuidado para, com essa atitude, não reprimir as manifestações de afeto do marido, ainda que não consiga retribuí-las - e, se isso já está em vias de extinção na relação, arregaçar já as mangas para reverter o quadro. Como? Não tem mágica: é preciso criar momentos agradáveis no dia a dia, em que a pretensão não seja sexo. Ver um filme juntos, sem as crianças, fazer um jantar só para os dois, apenas conversar... Tudo isso dá frutos também na cama.


Falta de interesse por relações sexuais

O ritmo de vida costuma ser o maior inibidor do desejo quando alterações hormonais, como as que, em geral, acontecem na gravidez, amamentação, climatério e menopausa, já foram descartadas. As exigências profissionais, os cuidados com os filhos, as tarefas em casa, as preocupações com dinheiro, os compromissos sociais e até a situação do relacionamento roubam mesmo a energia sexual. "A principal orientação nesse caso é passar a erotizar a relação, começando por pensar mais em sexo e arranjar meios de trazer mais esse universo para o dia a dia", conta a ginecologista Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite da Unifesp. Vale tudo: ler contos eróticos, alugar um canal para adultos, entrar em blogs sobre sexualidade ou simplesmente conversar com as amigas sobre o tema. E a dica extra é não deixar a intimidade com o parceiro relegada às últimas horas do dia, quando a única coisa que se quer é abraçar o travesseiro. A satisfação sexual é importante a ponto de exigir planejamento. Se criar momentos de relaxamento e privacidade, a energia tende a voltar.

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