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Punido por doping, goleiro se revolta com "julgamento diferente" a Cielo
21 de julho de 2011 14h40 atualizado às 14h41
 
 . Foto: Luis Moura/Gazeta Press

Renê atuando pelo Bahia antes de ser suspenso por doping
Foto: Luis Moura/Gazeta Press

Enquanto muitos fãs de esporte provavelmente comemoraram o resultado do julgamento do nadador Cesar Cielo - que escapou de uma suspensão de até sete meses - nesta quinta-feira, um brasileiro ficou especialmente indignado. Não porque quisesse o mal do recordista mundial, mas sim por, após ser flagrado no exame antidoping com a mesma substância de Cielo (furosemida), ter recebido um veredito bem diferente, bem mais pesado.

O goleiro Renê, que ganhou notoriedade defendendo o Barueri, estava no Bahia quando testou positivo para furosemida, substância proibida presente em um remédio para controle de pressão alta, em setembro de 2010. Julgado, acabou suspenso por um ano pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Entretanto, o nadador Cesar Cielo, que também teve resultado adverso para furosemida no Troféu Maria Lenk, em maio de 2011, foi apenas advertido pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), determinação corroborada nesta quinta-feira pela Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês).

"Estou arrasado pelo que fizeram comigo. Só porque não sou medalhista? Estou sofrendo há mais de 300 dias com a suspensão que me impuseram. Eu e o Cielo fomos falgrados com a mesma substância e o resultado dos julgamentos foram totalmente diferentes. Isso é revoltante", lamentou Renê.

Além do resultado do julgamento de Cielo ter sido diferente do seu, o goleiro Renê indignou-se ao ouvir uma declaração do brasileiro Eduardo de Rose, integrante da cúpula da Agência Mundial de Antidoping (Wada, em inglês), dizendo que não preocupava-se com o caso de doping, mas sim com o o prejuízo que a polêmica poderia causar ao rendimento do nadador, que teria se envolvido em uma situação da qual não tinha culpa.

"E o Eduardo de Rose se preocupou comigo? Ele fica preocupado com os 20 dias que o Cielo ficou parado. Eu estou há quase um ano sem poder exercer minha profissão. Tenho três filhos, uma instituição com 200 crianças carentes. Tudo isso, para mim, vale mais que uma medalha olímpica. Eu chorei muito ao ouvir as declarações do Eduardo de Rose. Sou homem, não sou vagabundo. Estou revoltado e não paro de chorar", desabafou Renê. "Eu carrego no peito uma tatuagem com uma frase do Hino Nacional "verás que um filho teu não foge à luta". Se pudesse eu apagava", continuou.

Nada contra Cielo

Renê ainda reiterou que não queria que Cielo fosse punido. O desejo do goleiro era apenas ter direitos iguais ao do nadador.

"Quero deixar bem claro que não torci para o Cielo ser punido, só queria a igualdade. Aceitei a punição porque me disseram que a Wada (Agência Mundial Antidoping) não admitiria mais penas menores que um ano, não admitiria comutação de pena. E eu acreditei. As pessoas falam: "Ah é correto, é um atleta olímpico, é medalhista". Que isso? Não posso aguentar calado. Só eu sei o que estou passando. Minha vida mudou. O que eu tinha, não tenho mais. Nunca fiz nada de errado para passar por isso. Qual a substância dele (Cielo)? Qual a substância minha? Onde está a diferença?", questionou Renê.

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