Ainda não se sabe exatamente por que o bocejo é contagioso. Aliás, esse
é um grande mistério para os estudiosos. "Existem algumas teorias para
tentar explicar esse fenômeno, mas não há respostas conclusivas", diz a
bióloga Débora Hipólide, do Departamento de Psicobiologia da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo ela, evidências
sugerem que o bocejo seria uma forma primitiva de comunicação entre
indivíduos da mesma espécie, para sinalizar mudanças no ambiente. O
contágio seria a maneira de afirmar o recebimento da mensagem, ao mesmo
tempo em que se passa ela adiante. Essas pistas são levadas em conta em
uma das principais teorias do bocejo, conhecida como "Teoria
Evolucionária". Por essa tese, o bocejo era um comportamento
importantíssimo para algum ancestral dos vertebrados - não se sabe qual.
Naquela época, o bocão aberto serviria para alertar o grupo e
sincronizar a ação, passando mensagens como "atenção, predador na área",
"aí vem chuva" ou "ei, é hora de dormir". Com a evolução, as ameaças
diminuíram e a comunicação melhorou, mas guardamos esse resquício
primitivo, hoje sem nenhum significado especial. Não somos os únicos
vertebrados que bocejam: cães, gatos e leões são alguns exemplos de
animais que têm a mesma mania. Uma outra teoria sobre o fenômeno propõe
que o bocão aberto possa ter a função de mostrar mudanças nas condições
internas do nosso corpo. Ou seja, o bocejo teria um caráter fisiológico,
usado pelo organismo como um sistema de alerta, quando a pessoa está
entediada, sonolenta ou cansada. "Como nessas situações respira-se mais
lentamente, à medida que o nível de gás carbônico aumenta no sangue, uma
mensagem é enviada ao cérebro, pedindo mais oxigênio. O bocejo seria
uma resposta à necessidade de uma respiração profunda para despertar o
corpo", afirma Débora.
Quero ar! Teoria fisiológica aponta o bocejo como uma tática do organismo para ganhar mais oxigênio
1. Quando a oxigenação nos alvéolos pulmonares diminui, uma mensagem é
enviada a uma região do cérebro chamada núcleo paraventricular, que fica
no hipotálamo. De lá são liberados vários mensageiros químicos os
neutrotransmissores que induzem ao bocejo e a reações simultâneas em
todo o corpo
2. A boca se abre e a pessoa inspira uma grande quantidade de ar, que é
enviado aos pulmões. Ao mesmo tempo, os músculos se alongam para
melhorar a circulação e a taxa de batimentos cardíacos aumenta. Assim, a
sensação de cansaço diminui e o corpo volta ao estado de alerta
3. O bocejo se caracteriza por ser um reflexo involuntário. É quase
impossível interrompê-lo, mesmo que se queira por isso a
"contaminação" é tão grande. Estudos da Universidade Estadual de Nova
York mostram que entre 40% e 60% das pessoas sentem-se contagiadas pelo
bocejo alheio
Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-quando-uma-pessoa-boceja-a-outra-boceja-tambem