Para a Renault, há apenas um empecilho para vender carros elétricos no Brasil: a falta de incentivo do governo. Na última semana, a marca promoveu um seminário de eficiência energética em Porto Alegre (RS) e anunciou a venda de seus primeiros elétricos no país, para a CPFL, empresa de distribuição de energia da região de Campinas (SP).
A companhia fechou acordo e adquiriu três veículos: um Zoe, um Fluence Z.E. e um Kangoo Z.E. (a sigla Z.E. significa "zéro emission", emissão zero em francês). A aquisição faz parte do Programa de Mobilidade Elétrica, coordenado pela CPFL em parceria com a Renault. O projeto prevê ainda a compra de mais veículos elétricos e uma centena de pontos de recarregamento pela região, que fica cerca de 100 quilômetros distante de São Paulo.
"Assim como a Renault, a CPFL é uma das empresas que acredita que essa tecnologia estará presente no futuro do mercado automobilístico mundial", afirma Olivier Murguet, presidente da montadora francesa no Brasil. "É um desafio que a CPFL quer abraçar para poder avaliar soluções inovadoras de mobilidade elétrica", diz Wilson Ferreira Jr., presidente da empresa de energia.
O preço da transação não foi revelado. Para se ter uma ideia, o Zoe é vendido na Europa por cerca de 21 mil euros (cerca de R$ 67 mil), sem contar o custo da bateria (que é alugada por meio de leasing). Com a taxação atual e demais custos de importação, o Zoe custaria algo em torno de R$ 215 mil no Brasil.
FALTA APOIO
Só que a Renault quer mais. "Nós temos uma das maiores gamas de carros elétricos da Europa, e todos estão à venda. Qualquer empresa que queira comprar um veículo de emissão zero pode vir negociar. Para o consumidor comum, infelizmente, ainda não dá: falta apoio do governo", afirma Carlos Henrique Ferreira, diretor de comunicação da marca, referindo-se ao alto custo final dos modelos elétricos.
Ferreira refere-se à falta de incentivos fiscais específicos para esse tipo de propulsão. Hoje, um carro elétrico é taxado como o de combustão. Mesmo em seus países de origem, elétricos ainda são caros -- mas há governos que ajudam na hora da compra.
A linha de elétricos da fabricante inclui o Twizy (que no Brasil é classificado como quadriciclo), o Zoe (compacto desenvolvido com propósito sustentável), Kangoo e Fluence (estes dois últimos desenvolvidos sobre a plataforma dos modelos com motor convencional). Todos fazem parte do plano da Renault de reduzir em 10% as emissões de gás carbônico de seus modelos até 2014.