27 de julho de 2011 • 13h51
- Carol Almeida
Michelle Monaghan e Jake Gyllenhaal em cena de "Contra o Tempo"
Foto: Divulgação
Dirigido por alguém ainda sem nome suficiente para ser bancado por um forte esquema de marketing e distribuição, Contra o Tempo facilmente passa disfarçado de entretenimento de ação B ou, na melhor das possibilidades, como um daqueles filmes de roteiro intricado cheios de detalhes científicos que, no final das contas, nem importam tanto assim porque o que contam são as explosões, o romance e o final feliz. Bem, não é exatamente isso, nem aquilo. Sim, há explosões, romance e o final feliz, bem, este fica a critério da interpretação de cada um. Mas o fato é que o segundo longa-metragem de Duncan Jones tem pique, roteiro e uma direção atenta para os ganchos de um suspense bem orquestrado. E essa combinação é suficiente para ser mais explosiva que a bomba que, de fato, é detonada ao longo do filme.
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Estrelado por Jake Gyllenhaal, Michelle Monaghan e Vera Farmiga, a ficção científica parte de um princípio nem tão inédito assim, mas nem por isso menos curioso de se observar em seus desdobramentos. Estamos falando de mais uma variação dessa inesgotável fonte de roteiros conhecida como "universos paralelos". Desta vez, a realidade alternativa está agora retida no resto de memória que, segundo a explicação quântica do filme, fica impressa em nosso cérebro logo após nossa morte.
Tendo isto dito, Gyllenhaal é aqui o capitão Colter Stevens, indivíduo que acorda a bordo de um trem de passageiros sem saber exatamente onde está, como foi parar ali e, mais estranho, por que a moça que se encontra à sua frente o chama de Sean. No meio dessa confusão de identidade, tempo e lugar, 8 minutos depois de ter acordado nesse trem, Stevens explode junto com todos os passageiros que, automaticamente, morrem.
Sabe-se pouco depois que aquele ambiente, o trem, as pessoas e a bomba são imagens do passado. E que Stevens é um exemplar militar americano, ex-piloto de helicóptero no Afeganistão, que agora se encontra preso em uma espécie de cabine onde ele pode voltar sempre para esse espaço de 8 minutos antes de o trem explodir, tal qual Neo quando visitava a Matrix com aquele tubo plugado em sua nuca.
À sua revelia, Stevens, aqui no corpo de um professor chamado Sean, precisa viver e reviver os últimos instantes de vida dos passageiros desse trem para descobrir onde está a bomba e quem a instalou ali. Sua missão é salvar as vidas dos atentados que ainda estão por acontecer, manipulados pelo mesmo terrorista que explodiu o trem. Quem dá as ordens é uma oficial intepretada por Vera Farmiga, vista quase sempre nos limites do plano americano de um monitor de TV. Para piorar sua situação, Stevens não pode interferir no passado, o que significa dizer que nosso herói precisa se resignar com o fato de ver a bonita moça do trem morrer em constante replay.
Não é possível, pela preservação do impacto que o filme pretende causar em seu espectador, destrinchar muito as descobertas do personagem a partir daí. Até porque todas elas são também simultaneamente as descobertas de quem assiste à história. O roteiro de Ben Ripley, estreante em longa para o cinema, é bem armado na intenção de fazer com que o protagonista compartilhe essa sensação de deslocamento e, principalmente, de cansativa repetição, com quem o observa.
Naturalmente, é possível identificar em Contra o Tempo resquícios de ideias já projetadas em outros filmes, tais como o já citado Matrix, Déjà Vu e, mais recentemente, A Origem, mas há neste thriller um elemento de conspiração que o faz distinto e, em certa medida, original (até onde se pode ser hoje em dia) graças não ao seu argumento, mas à execução dele.
O novo longa de Duncan Jones, que estreou no cinema com a ficção científica Lunar, é bom porque é construído com as viradas de roteiro necessárias e muito bem encaixadas ao longo da trama. E, sim, haverá aqueles que acharão "furos" de ideias articuladas pelo filme. Mas até lá, já foi. A experiência de ter assistido àquilo com o mesmo sentimento de surpresa do personagem é suficiente para que encerremos essa história satisfeitos ao subir dos créditos.
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